Israel: seis fronteiras e um destino (mai.2007)
O futuro de Israel depende da convivência pacifica com os quatro países árabes vizinhos e com os milhões de palestinos estabelecidos nos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia
Cisjordânia
NEste território está a maior parte das cidades que formarão o futuro Estado palestino, como Jenin, Ramallah, Nablus e Jericó. As linha de fronteiras não são claramente definidas e há, dentro da Cisjordânia, quase 250 assentamentos judeus — com população predominantemente religiosa. A presença militar israelense é visível e constante. Há restrições à circulação de pessoas na fronteira por conta da atividade terrorista.
Faixa de Gaza
Até 2005, cerca de 8,5 mil colonos judeus israelenses viviam na Faixa de Gaza. Mas as 21 colônias foram desmanteladas naquele ano. "Não podemos manter Gaza para sempre", disse na época o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon. "Mais de 1 milhão de palestinos vivem lá em condições únicas de superpopulação, em bolsões de ódio crescente". Com a remoção dos assentamentos, chegava ao fim uma ocupação de 38 anos. Hoje, 100% da população é árabe. A Faixa de Gaza é administrada pela Autoridade Palestina, mas Israel controla o espaço aéreo e as águas marítimas. Uma cerca de 52 quilômetros percorre toda a divisa.
Fronteira egípcia
As relações diplomáticas entre Israel e Egito foram restabelecidas em 1979, quando os dois países assinaram, em Camp David, o primeiro acordo de paz entre o Estado judeu e uma nação árabe. Hoje, os 266 quilômetros de fronteira entre Israel e a Península do Sinai é relativamente segura. Turistas israelenses — muitos ao volante de seus próprios carros — cruzam a linha que divide os dois países para tirar férias em balneários egípcios como Sharm el-Sheikh.
Fronteira jordaniana
Israelenses e jordanianos podem cruzar esta fronteira — com 238 quilômetros de extensão — desde 1994, quando foi assinado o sefgundo tratado de paz entre Israel e um país árabe. Os 100 quilômetros entre as cidades de Ein Gedi e Beit Shean nunca foram definidos. A Jordânia só aceita discutir o caso se a população palestina participar das negociações. Mas como não há um Estado palestino oficialmente declarado, Israel não aceita a proposta.
Fronteira libanesa
Não houve alterações na linha de 79 quilômetros que divide os dois países depois da Segunda Guerra do Líbano, encerrada no dia 11 de agosto de 2006. Esta continua sendo a fronteira mais tensa de Israel — ninguém pode passar de um lado para outro. Jerusalém e Beirute não mantêm relações diplomáticas. A Defesa Civil israelense recomenda fotemente a seus cidadãos que evitem a todo custo qualquer tipo de visita ao território libanês.
Fronteira síria
Depois da libanesa, esta — com 76 quilômetros de extensão — é a mais tensa e conturbada. As colinas de Golã, ocupadas por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, até hoje são motivo de discórdia entre os dois países. A Síria ameaça retomar a área ocupada — seja por acordo, seja pela força. Os israelenses não aceitam se retirar. Há presença judaica na região, mas a maioria da população é drusa, fiel ao Estado judeu. Não existe trânsito entre os dois países.
Jerusalém
A cidade é um dos pomos mais delicados de discórdia entre árabes e judeus. Os palestinos querem que a parte oriental da cidade — onde quase todos os bairros são árabes — seja a capital de seu futuro Estado. Mas Israel recusa-se a negociar essa questão. Não há separações entre os setores ocidental e oriental de Jerusalém. Ainda assim, muitos israelenses evitam circular pela parte oriental e preferem não entrar no bairro árabe da Cidade Velha depois que anoitece.
Muro de proteção
Em resposta à onda de ataques suicidas desencadeada pela Segunda Intifada, o governo israelense decidiu construir uma cerca gigante de proteção entre Israel e a Cisjordânia. A obra começou em 2003. Quando estiver concluída, ela terá aproximadamente 350 quilômetros de extensão e muros de até 8 metros de altura nos trechos de divisa considerados mais vulneráveis.
Por Gabriel Toueg, de Jerusalém; infográfico: Bruno Algarve. Texto publicado originalmente na edição especial da revista Aventuras na História sobre o 60º aniversário do Estado de Israel, de maio de 2007. O texto está transcrito como no original. Imagens da versão original serão incluídas oportunamente.
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